O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) abriu processo administrativo para investigar a atuação de 16 empresas e 15 executivos suspeitos de montar um cartel e pagar propina para obter contratos de obras e serviços de engenharia rodoviária. O volume potencialmente afetado é estimado em cerca de R$ 10 bilhões e abrange licitações realizadas entre 2016 e 2024 por órgãos federais, estaduais e municipais.
A apuração sobre a formação de cartel começou a partir de análises do Projeto Cérebro, que identificou padrões de comportamento atípicos em certames do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). O caso chegou ao Cade por meio de uma representação do TCU (Tribunal de Contas da União).
Em 2024, o órgão realizou a Operação Novo Rumo, em parceria com a CGU (Controladoria-Geral da União) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal), para aprofundar a coleta de informações.
Segundo o Conselho, uma das estratégias investigadas é o uso de sociedades em conta de participação. O modelo teria servido para subcontratar concorrentes e organizar combinações como propostas de cobertura e retirada estratégica de ofertas, práticas típicas de acordos de cartel que simulam competição, mas favorecem um vencedor previamente ajustado.
Com a abertura do processo, as empresas e pessoas físicas terão direito a apresentar defesa, indicar provas e sugerir até 3 testemunhas cada. Se houver condenação, as empresas podem ser penalizadas com multas de até 20% do faturamento bruto. Para indivíduos, os valores variam de R$ 50 mil a R$ 2 bilhões.
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