Pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que descarbonização no setor pode chegar a 92,6% no país se a adoção de soluções para a pecuária sustentável for aceleradaPesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que descarbonização no setor pode chegar a 92,6% no país se a adoção de soluções para a pecuária sustentável for acelerada

Emissões da pecuária podem cair ao menos 79,9% até 2050

2025/12/11 17:00

Maior exportadora mundial de carne bovina, a pecuária brasileira caminha para consolidar o papel de protagonismo na transição climática. Um estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas), em parceria com a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), concluiu que o setor vai reduzir pelo menos 79,9% as emissões de CO2  (dióxido de carbono) até 2050 na produção de carne, caso mantenha o ritmo atual de adoção de práticas mais eficientes de produção.

Lançado durante a COP30 –conferência mundial sobre o clima realizada em novembro deste ano em Belém (PA)–, o estudo técnico “Trajetórias de descarbonização da pecuária de corte no Brasil – 2025 a 2050” mostrou ainda que a diminuição pode chegar a 92,6% se a implementação de medidas adicionais for acelerada, como recuperação de pastagens e adoção de práticas de pecuária regenerativa. Para a definição desse percentual, também foi considerado o cumprimento da meta do governo brasileiro de zerar o desmatamento até 2030.

A pesquisa evidencia que, mesmo com o crescimento da produção, as emissões líquidas –isto é, as emissões menos as remoções– tendem a cair até 2050. No cenário de continuidade das tendências atuais, a queda projetada é de 60,7% e, no panorama mais otimista, chega a 85,4%. “Nosso objetivo foi compreender o papel da pecuária brasileira na agenda climática e identificar onde estão as maiores oportunidades de mitigação”, afirmou Camila Estevam, pesquisadora no FGV Agro, centro de estudos do agronegócio.

O levantamento, acrescenta ela, conclui que há margem para o crescimento da atividade e, concomitantemente, para a priorização da sustentabilidade. “Os resultados indicam que o setor tem condições de ampliar sua produção e, ao mesmo tempo, avançar em uma trajetória consistente de descarbonização, atuando como aliado da agenda climática”, disse.

Como ocorrerá a descarbonização

Para calcular o potencial de descarbonização, o estudo analisou 4 cenários factíveis. O 1º simulou a continuidade das tendências de uso da terra e do aumento de produtividade. Desde 1990, a pecuária brasileira elevou em 183% a produtividade, ao mesmo tempo em que reduziu a área ocupada por pastagens em 18%, segundo a Abiec. Se for mantido esse ritmo, as emissões por quilo de carne serão reduzidas de 80 para 16,1 quilos de CO2, uma queda de 79,9%.

O 2º cenário traçado considera o cumprimento da meta do governo de zerar o desmatamento até 2030, o que permitiria um recuo para 86,3% nas emissões por quilo de proteína animal produzida.

A 3ª projeção adiciona a adoção integral do Plano ABC+ (Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária), do governo federal, com foco na recuperação de pastagens degradadas e na expansão de sistemas integrados, como o de lavoura e pecuária, em que a descarbonização chega a 91,6%.

Já a 4ª possibilidade incorpora os itens anteriores e o uso de técnicas como aditivos alimentares para redução de fermentação entérica –processo digestivo natural dos ruminantes– e o abate precoce, como motores de eficiência. Nesse cenário, a queda na emissão de carbono chegaria a 92,6%.

Leia mais no infográfico sobre os planos da pecuária brasileira para reduzir emissões.

O papel das políticas públicas

O cenário mais avançado de descarbonização depende da aplicação de políticas públicas relevantes, que têm o papel de funcionar como alavanca e balizador da ação produtiva. Uma das questões essenciais indicadas pelo estudo é o fim da ilegalidade e o alcance da meta de desmatamento zero até 2030, algo que exigirá a participação do setor produtivo.

“A pecuária brasileira tem um papel central na agenda climática e um enorme potencial para contribuir com a descarbonização, liberando espaço nas metas do Brasil em relação ao Acordo de Paris”, disse Roberto Perosa, presidente da Abiec.

Ele reforça a necessidade de seguirem no percurso que estão trilhando. “Isso é motivo de muito orgulho, mas também aumenta ainda mais a nossa responsabilidade, pois precisamos continuar a acelerar o caminho que já estamos percorrendo”, ressaltou.

Para esse cenário se concretizar, em 1º lugar, será preciso colocar em prática os planos de prevenção e combate ao desmatamento, bem como políticas públicas de rastreabilidade como o Pnib (Plano Nacional de Identificação de Bovinos e Búfalos) e a plataforma AgroBrasil+Sustentável –ambos do Ministério da Agricultura e Pecuária. Além disso, alcançar o resultado demanda iniciativas locais como o Selo Verde, presente em vários Estados.

Em 2º lugar, complementa Perosa, o governo deve criar mecanismos de incentivo e financiamento para acelerar a adoção das práticas do Plano ABC+ e das tecnologias mais avançadas, garantindo que o investimento na conservação e na recuperação de pastagens degradadas seja economicamente viável para o produtor rural. Esse binômio –regulação firme e incentivo estrutural– é a chave para transformar o potencial em resultado e garantir a liderança da pecuária brasileira na fronteira da sustentabilidade ambiental, defendeu o dirigente.


Este conteúdo foi produzido e pago pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes)

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