O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, usou a última reunião ministerial do ano, realizada nesta 4ª feira (17.dez.2025) na Granja do Torto, para construir um contraste político entre o “vale de lágrimas” da economia no governo anterior e o “melhor momento social” do país em décadas.
Em discurso , Haddad vinculou a recuperação de indicadores de emprego e renda a decisões deliberadas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e acusou o governo Jair Bolsonaro (PL) de ter deixado o Bolsa Família e os precatórios fora da peça orçamentária para 2023.
Segundo o ministro, o Brasil atravessou quase uma década de baixo crescimento. “Eu queria mencionar que o crescimento médio desses 3 anos é de mais de 3%. A nossa previsão é chegar a um crescimento médio de 2,8%. É o maior crescimento desde os governos Lula 1 e 2. Ou seja, nós tivemos um vale de lágrimas de baixo crescimento desde então. Sobretudo a partir de 2015 com a crise que se instalou no país. Mas nós estamos retomando esse crescimento.”
Para o ministro, o dado isolado de 1 ano importa menos do que a mudança de perspectiva. “Mais importante do que o dado em si é o potencial da economia brasileira de crescer mais”, declarou. Citou avaliações de organismos internacionais que enxergariam hoje um horizonte mais favorável para o país.
O chefe da equipe econômica sustentou que a virada se reflete com mais clareza no mercado de trabalho. Ele afirmou que o desemprego está na mínima histórica da série, acompanhado por queda da informalidade e da subutilização da força de trabalho. O rendimento médio real, segundo Haddad, atingiu o maior patamar já registrado, em torno de R$ 3.507 mensais.
Na avaliação do ministro, esse cenário não seria fruto do acaso ou de um ciclo externo benigno, mas resultado de escolhas políticas.
Haddad citou a ampliação simultânea de programas de transferência de renda e de investimentos públicos como fatores que estariam sustentando a renda das famílias e estimulando a criação de vagas formais. Disse também que há uma migração gradual de beneficiários de programas sociais para o mercado de trabalho, impulsionada pela maior oferta de empregos.
Afirmou ainda que o país saiu do mapa da fome e alcançou o menor índice de Gini da série histórica recente, em torno de 0,506, indicador que mede a desigualdade de renda. Quanto menor o índice, melhor a distribuição. Segundo ele, também houve redução da proporção de jovens que não estudam nem trabalham e queda da pobreza extrema para 4,4%, nível que classificou como inédito.
Ao defender os resultados, o ministro rebateu críticas recorrentes de que a expansão de gastos sociais teria deteriorado as contas públicas.
Segundo Haddad, o governo conseguiu ampliar investimentos em áreas como saúde, educação, infraestrutura e políticas sociais ao mesmo tempo em que promoveu ajuste fiscal. “Parece milagre, mas é justamente o oposto da ideia de descontrole fiscal”.


