"Galho Fraco" apura suspeita de desvios de cotas parlamentares e mira deputados federais, assessores, pessoas físicas e empresas"Galho Fraco" apura suspeita de desvios de cotas parlamentares e mira deputados federais, assessores, pessoas físicas e empresas

Saiba quem são os alvos da operação da PF autorizada por Dino

2025/12/20 02:33

A Polícia Federal deflagrou nesta 6ª feira (19.dez.2025) a operação Galho Fraco, autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino, para apurar um possível esquema de desvio de recursos públicos por meio do uso irregular de cotas parlamentares, especialmente em contratos de locação de veículos. A investigação tem como alvos deputados federais, assessores, pessoas físicas e empresas suspeitas de integrar uma estrutura organizada para desviar e ocultar dinheiro público. Leia a íntegra do despacho do STF (PDF – 332 kB).

A decisão autorizou a busca e apreensão na residência de investigados e a quebra do sigilo bancário e fiscal de deputados e de outras pessoas físicas e jurídicas, abrangendo movimentações financeiras de 2018 a 2024. Segundo o despacho, as medidas foram necessárias diante da opacidade dos fluxos financeiros, do volume elevado de recursos movimentados e da suspeita de crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. 

Os alvos

Os 5 que tiveram a autorização de quebra de sigilo telefônico e busca e apreensão sã0:

  • Sóstenes Silva Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara dos Deputados;
  • Carlos Jordy (PL-RJ), deputado federal;
  • Itamar de Souza Santana, assessor parlamentar de Carlos Jordy;
  • Andrea de Figueiredo Desiderati, movimentou cerca de R$ 6,6 milhões com recursos da Câmara e transações sem origem identificada; R$ 827 mil foram enviados a destinatários não identificados;
  • Acivânio de Souza Santana, indícios de que faz parte do grupo familiar Souza Santana, que estaria envolvido no esquema.

Para os demais investigados, foi determinada a quebra do sigilo bancário:

  • Harue Locação de veículos ltda, empresa que, segundo a PF, era usada para peculato e lavagem de dinheiro;
  • Daniel Alex Fortunato, indícios de que faz parte do grupo familiar Souza Santana e é Secretário Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional Territorial do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional;
  • Lizoel Nilson Lopes Bezerra, indícios de que faz parte do grupo familiar Souza Santana;
  • Georgenor Cavalcante Pinto, segundo o ministro, aparece de forma reiterada como remetente ou destinatário imediato de valores movimentados pelos investigados e é assessor técnico da Secretaria Nacional de Apostas Esportivas e de Desenvolvimento Econômico do Esporte;
  • Maria Aparecida Brito da Silva, segundo o ministro, aparece de forma reiterada como remetente ou destinatário imediato de valores movimentados pelos investigados;
  • Valdir Cesar Torres, segundo o ministro, aparece de forma reiterada como remetente ou destinatário imediato de valores movimentados pelos investigados;
  • Alex Diogo Santos da Silva, segundo o ministro, aparece de forma reiterada, como remetente ou destinatários imediato de valores movimentados pelos investigados;
  • Desair Chaves Soares,  segundo o ministro, aparece de forma reiterada como remetente ou destinatário imediato de valores movimentados pelos investigados;
  • João Batista da Silva Campeio, segundo o ministro, aparece de forma reiterada como remetente ou destinatário imediato de valores movimentados pelos investigados e é secretário parlamentar do Deputado Federal Pauderney Avelino (União-AM);
  • Carlos André do Carmo Rocha, segundo o ministro, aparece de forma reiterada como remetente ou destinatário imediato de valores movimentados pelos investigados;
  • Antônio Alves de Oliveira “Ceará”, segundo o ministro, apresenta vínculos financeiros cruzados com Itamar de Souza Santana, assessor de Carlos Jordy, ambos investigados.

Suspeita de esquema com cota parlamentar

Segundo a decisão, a investigação indica que agentes políticos, funcionários comissionados e particulares teriam atuado de forma estruturalmente organizada, com divisão de tarefas, para desviar recursos da cota parlamentar e, posteriormente, ocultar a origem do dinheiro.

De acordo com a Polícia Federal, os deputados teriam utilizado locadoras de veículos suspeitas de funcionar como empresas de fachada para justificar despesas reembolsadas pela Câmara dos Deputados. A PF afirma que uma dessas empresas continuou a receber pagamentos mesmo após indícios de dissolução irregular, além de manter frota incompatível com o volume de contratos firmados.

A decisão cita ainda conversas extraídas de aplicativos de mensagens que indicariam pagamentos “por fora”, cobranças paralelas e repasses em dinheiro, além de saques fracionados abaixo de R$ 10.000, prática conhecida como “smurfing”, associada à tentativa de burlar mecanismos de controle financeiro.

A ação desta 6ª feira é um desdobramento da operação Rent a Car, deflagrada em dezembro de 2024, que apura os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Valores e investigados

O despacho detalha movimentações financeiras consideradas incompatíveis com a renda declarada de assessores e pessoas ligadas aos gabinetes dos deputados, com valores individualizados que somam cerca de R$ 27,8 milhões. Parte expressiva dessas transações não teve origem ou destinatário identificados, segundo a PF.

Para o ministro Flávio Dino, os elementos reunidos até o momento indicam, “ao menos em tese”, a participação consciente dos parlamentares no esquema investigado, o que justificou a adoção de medidas cautelares mais amplas.

Entre os maiores volumes suspeitos está o de Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial do PL, que movimentou mais de R$ 11,4 milhões de 2023 a 2024. Segundo a PF, o montante é incompatível com sua renda declarada e vínculo funcional.

Os principais valores individualizados na decisão do ministro Flávio Dino são:

  • R$ 11,4 milhões – movimentados por Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial do PL, de 2023 a 2024. A PF afirma que o volume é incompatível com a renda declarada e destaca repasses a beneficiários não identificados;
  • R$ 5,9 milhões – movimentados por Itamar de Souza Santana, secretário parlamentar de Carlos Jordy. Parte dos valores teria sido transferida de forma fracionada, com indícios de ocultação de origem;
  • R$ 3,9 milhões – movimentados por Florenice de Souza Santana, integrante do núcleo familiar investigado, com depósitos, saques e transferências sem identificação clara de origem ou destino;
  • R$ 6,6 milhões – movimentados por Andrea de Figueiredo Desiderati, incluindo recursos com origem na Câmara dos Deputados e repasses a destinatários não identificados.

OUTRO LADO

O Poder360 procurou o deputado Sóstenes Cavalcante e o PL, por meio da assessoria de imprensa, para perguntar se há um posicionamento sobre a operação da PF. A resposta é de que ainda não há. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

O Poder360 entrou em contato com a secretaria Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial para perguntar sobre a queda de sigilo do secretário Daniel Alex Fortunato, mas até o momento não teve resposta.

Já o deputado Carlos Jordy se manifestou em seu perfil no Instagram. “É a mesma empresa que eu alugo carros desde o início do meu 1º mandato (…) a alegação deles é tosca. Eles dizem que chama muito a atenção o número de veículos dessa empresa, que aluga para vários outros deputados inclusive, dizendo que outras empresas têm mais de 20 veículos na sua frota e a Haru Locação de Veículos tem apenas 5, por isso seria uma empresa de fachada. Eu sei o que eles estão fazendo. Só que é mais do que querer nos intimidar, é uma pesca probatória, é fishing expedition. Eu não vou me deixar abalar com isso”, disse em vídeo. Na legenda, citou “perseguição implacável”.

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