Bitcoin Cai para US$ 87 Mil em Meio a Pressões Globais: Saídas de ETFs, Incerteza Econômica e Tensões Geopolíticas

Bitcoin Enfrenta Pressão Vendedora Enquanto Mercados Globais Enfrentam Incerteza

O Bitcoin registrou queda de aproximadamente 2% nas últimas 24 horas, negociando próximo a US$ 87 mil nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025. A maior criptomoeda do mundo estende uma sequência de quatro dias de perdas, refletindo um cenário macroeconômico complexo marcado por volatilidade nos mercados financeiros globais, saídas significativas de fundos de investimento e incertezas geopolíticas que afetam a confiança dos investidores.

Saídas Massivas de ETFs Pressionam o Preço do Bitcoin

Um dos principais fatores por trás da queda recente do Bitcoin é o fluxo negativo dos fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin. Segundo dados da Binance, as saídas líquidas dos ETFs de Bitcoin somaram US$ 357,6 milhões — o maior volume desde 20 de novembro — indicando que investidores institucionais estão reduzindo suas posições na criptomoeda.

Essa movimentação reflete uma mudança no sentimento do mercado, com investidores buscando segurança em ativos tradicionais diante das incertezas econômicas globais. A análise técnica aponta níveis críticos de suporte entre US$ 84 mil e US$ 85 mil, com risco potencial de queda até US$ 74 mil caso esses suportes sejam rompidos.

Economia Global em Desaceleração Pressiona Mercados

O cenário macroeconômico global contribui significativamente para a pressão sobre os criptoativos. Nos Estados Unidos, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) de serviços caiu para 52,9 em dezembro — o menor nível em seis meses — sinalizando desaceleração na atividade econômica. Apesar disso, o mercado de trabalho americano permanece resiliente, com a criação de 64 mil empregos em novembro, acima das 50 mil esperadas.

Essa combinação de sinais contraditórios mantém o Federal Reserve em posição cautelosa, reduzindo as apostas em cortes de juros e fortalecendo o dólar americano. Um dólar mais forte torna os criptoativos menos atraentes para investidores internacionais, pressionando ainda mais os preços.

Brasil Enfrenta Volatilidade Cambial e Pressão na Bolsa

No Brasil, o cenário econômico também reflete as turbulências globais. O Ibovespa caiu 2,42% nesta terça-feira, fechando em 158.578 pontos, enquanto o dólar americano subiu 0,73%, cotado a R$ 5,4624. Embora o dólar tenha recuado 11,62% em 2025, a volatilidade recente em dezembro (+2,38%) reflete preocupações com a política monetária brasileira.

A taxa Selic permanece em 15% ao ano — o maior nível desde 2006 — pressionando o consumo e o crédito doméstico. Além disso, remessas de lucros de empresas estrangeiras e dados econômicos americanos fortes continuam impulsionando a demanda por dólares, criando pressão adicional sobre o real.

Regulação Cripto Avança, Mas Legislação Enfrenta Atrasos

Em um desenvolvimento positivo para o setor de criptomoedas, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos EUA aprovou o Bitwise 10 Crypto Index Fund, um segundo fundo de índice cripto para negociação na NYSE Arca. Esse produto oferece exposição regulada às 10 maiores criptomoedas, ampliando as opções para investidores institucionais e de varejo.

Além disso, a Depository Trust & Clearing Corporation (DTCC) recebeu aprovação para começar a tokenizar ativos tradicionais, incluindo ações, ETFs e títulos do governo. Essa iniciativa representa um passo importante na normalização da infraestrutura blockchain para o sistema financeiro tradicional.

No entanto, o avanço regulatório enfrenta obstáculos legislativos. O Senado dos EUA adiou a análise do projeto de lei sobre estrutura de mercado de criptomoedas para 2026, frustrando expectativas da indústria por um marco regulatório abrangente ainda em 2025. A falta de clareza legislativa mantém incertezas sobre custódia, definições legais de tokens e a interação entre diferentes órgãos reguladores.

Geopolítica e Recursos Estratégicos: O Papel do Brasil

Além dos fatores econômicos e regulatórios, a geopolítica global também influencia os mercados de criptomoedas e ativos digitais. A nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, anunciada em 4 de dezembro de 2025, prioriza o Hemisfério Ocidental, refletindo preocupações com o avanço chinês e russo na América Latina.

Um dos focos dessa estratégia é o controle de recursos estratégicos, particularmente as terras raras — minerais essenciais para microchips, baterias e telas. A China domina 60% da extração e 90% do processamento global desses minerais, criando vulnerabilidades para os EUA e seus aliados.

O Brasil emerge como um ator estratégico nesse contexto, possuindo a segunda maior reserva global de terras raras. Duas mineradoras brasileiras — Serra Verde e Aclara — fecharam contratos de financiamento com o banco estatal americano DFC, totalizando até R$ 2,5 bilhões. Essa parceria reflete a estratégia americana de desenvolver recursos no Hemisfério Ocidental com parceiros regionais, reduzindo a dependência da China.

Perspectivas para os Próximos Dias

Os próximos dias serão críticos para determinar a direção do Bitcoin e dos mercados cripto. Investidores monitorarão de perto:

• Fluxos de ETFs: Novas entradas ou saídas podem sinalizar mudanças no sentimento institucional
• Dados econômicos americanos: Relatórios sobre inflação e emprego podem influenciar as decisões do Federal Reserve
• Níveis técnicos: A manutenção dos suportes em US$ 84-85 mil será crucial para evitar quedas mais profundas
• Desenvolvimentos geopolíticos: Tensões comerciais e negociações sobre recursos estratégicos podem afetar o sentimento de risco global

Conclusão

O Bitcoin enfrenta um período desafiador, com pressões vindas de múltiplas frentes: saídas de ETFs, desaceleração econômica global, incertezas regulatórias e complexidades geopolíticas. Enquanto avanços na regulação e adoção institucional continuam, a volatilidade de curto prazo permanece elevada.

Para investidores, o cenário reforça a importância de uma estratégia de longo prazo e gerenciamento de risco adequado. Para formuladores de políticas, a situação destaca a necessidade de clareza regulatória e coordenação internacional para lidar com os desafios e oportunidades apresentados pelas criptomoedas e ativos digitais em um mundo cada vez mais interconectado.