Um ciclo de recuperação que veio para ficar. Esse é, em resumo, o fio condutor de um novo relatório enviado a clientes pelo BTG Pactual sobre a Mater Dei, no qual o banco ressalta a melhora gradual e consistente dos indicadores do grupo de saúde em 2025 e projeta a manutenção desse cenário.
A partir da combinação dessas constatações e perspectivas, os analistas do banco estão elevando a recomendação da rede de hospitais, de neutra para compra, e o preço-alvo da ação, de R$ 6 para R$ 7, o que implica uma valorização de 45% sobre o preço de tela do papel.
“Elevamos nossa recomendação para as ações da Mater Dei após resultados trimestrais melhores do que o esperado nos primeiros nove meses de 2025 e tendências encorajadoras para o quarto trimestre, que apontam para uma frequência sólida de internações hospitalares”, ressalta o BTG.
Os analistas recorrem a dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) para referendar essas perspectivas para o fim do ano. Segundo a associação, a taxa de ocupação no setor alcançou o patamar de 78,7% em outubro, a maior taxa para esse mês na última década.
“Nossas análises de mercado também sugerem fortes níveis de atividade em outubro e novembro e, assumindo que não haja surpresas negativas significativas em dezembro, a Mater Dei deverá apresentar novamente resultados sólidos”, escrevem os analistas.
Sob esse panorama, para o quarto trimestre, o BTG projeta um crescimento, ano contra ano, de 13% na receita da Mater Dei, com margens Ebitda evoluindo para aproximadamente 22%, ante o índice de 16% registrado no mesmo período de 2024.
A visão favorável se estende a 2026, com o banco elevando suas projeções de crescimento de Ebitda e lucro líquido, respectivamente, em 12% e 17%. E prevendo um salto de 14% na receita, a partir da estratégia do grupo de ampliar a complexidade dos serviços em seus hospitais, aliada a uma maior expansão de margens.
O BTG também ressalta que outras iniciativas da Mater Dei começaram a amadurecer. Entre elas, a expansão recente em Nova Lima (MG), a melhoria nos serviços de oncologia e a redução de despesas corporativas após a venda da unidade de Porto Dias, em Belém (PA), anunciada em 2024, por R$ 410 milhões.
“Não por acaso, as margens alcançar 22,2% no terceiro trimestre de 2025, o nível mais alto desde a venda, e acreditamos que elas devam permanecer nesse patamar ou acima dele, mesmo em trimestres sazonalmente mais fracos”, observam os analistas.
Eles apontam que, após esse desinvestimento, a Mater Dei simplificou significativamente sua estrutura corporativa e reduziu o risco de execução. E que essa medida redirecionou a atenção da gestão para seus principais mercados – Belo Horizonte, Salvador e Uberlândia, além da eficiência operacional.
Em outra frente, o banco destaca que a empresa retornou uma cifra significativa de capital aos acionistas ao longo do ano, sendo R$ 39 milhões em recompra de ações, R$ 64 milhões em dividendos pagos em maio e mais R$ 50 milhões anunciados na última sexta-feira.
“No total, isso representa um retorno de caixa robusto de 9,5% para 2025. Mesmo após esses desembolsos, estimamos a alavancagem no final do ano em cerca de 1,6x a dívida líquida/Ebitda, com uma desalavancagem adicional de cerca de 1,2 vez em 2026”, ressalta outro trecho do relatório.
Diante desse pacote, o BTG observa que a Mater Dei passa a ser sua principal escolha em termos de small cap no universo de cobertura do setor de saúde. E acrescenta um outro componente para reforçar sua visão otimista sobre a companhia.
Os analistas ressaltam que, apesar dos avanços significativos em 2025, a ação da Mater Dei subiu “apenas” 28% nos últimos doze meses, o mesmo patamar registrado pelo Ibovespa nesse intervalo.
“Acreditamos que isso cria um ponto de entrada atraente para investidores que buscam uma história de recuperação de alta qualidade, com geração de caixa crescente e visibilidade de lucros”, conclui o banco.
As ações da Mater Dei estavam sendo negociadas com queda de 1,24% por volta das 11h35 dessa quarta-feira, 17 de dezembro, cotadas a R$ 4,79. No ano, os papéis têm alta, porém, de 31,5%. O grup está avaliado em R$ 1,59 bilhão.


